16 de maio de 2016
Neste artigo vamos falar algumas noções básicas do DRE a importância de se ter este demonstrativo dentro das normas e do pronunciamento técnicos, CPC 26 (R1), tanto para estar de acordo com as normas contábeis e para estar preparado na hora que você decidir vender sua empresa.
O que vem a ser um DRE?
A Demonstração do Resultado do Exercício, DRE, é a apresentação, em forma resumida, das operações realizadas pela empresa, durante o exercício social, demonstradas de forma a destacar o resultado líquido do período, incluindo o que se denomina de receitas e despesas realizadas. De acordo com o CPC 26 (R1), as empresas devem apresentar todas as mutações do patrimônio liquido reconhecidas em cada exercício que não representam transações entre a empresa e seus sócios.
Importância de um DRE bem feito na hora de Avaliar sua Empresa e futuramente negociar a mesma junto ao mercado
Muita das metodologias para avaliar uma empresa, processo fundamental antes de pensar em vender seu negócio, tomam por base os resultados do período dos últimos anos.
Estas metodologias precisam apurar os lucros antes dos impostos, o EBITDA ou EBIT, a Receita Bruta/Líquida, dentre outros, que devem ser extraídos do DRE.
Na hora de vender sua empresa, o possível interessado, vai também solicitar uma auditoria contábil, fiscal e financeira, onde mais uma vez o DRE, de pelo menos 3 anos atrás, precisa estar de acordo com as normas e de forma clara e contundente.
O mesmo também servirá para avaliar financeiramente se as atividades da empresa estão gerando retorno, ou seja, demonstrar se a mesma esta obtendo lucros ou prejuízos em um determinado exercício, onde vão analisar os dados mais relevantes, tais como custos operacionais, lucro bruto e liquido, margem de lucro (Lucro Líquido/Vendas) e assim analisar o poder de ganho da empresa, fluxo de caixa livre, etc.
Por isto vamos destacar abaixo alguns pontos relevantes.
Legislação DRE
A ordem de apresentação das receitas, custos e despesas, no DRE, é estabelecida pela Lei das Sociedades por Ações, Lei 6.404 (art. 187), onde destacamos dois pontos no reconhecimento contábil.
1o – No DRE, as receitas e rendimentos são computadas, independente da sua realização, nos ganhos do período.
É o que chamamos, no principio contábil, de Regime de Competência, onde os efeitos financeiros das transações e eventos são reconhecidos nos períodos nos quais ocorrem, independentemente de terem sido recebidos ou pagos.
2o – No mesmo período, no DRE serão computados os custos, despesas, encargos e perdas, pagos ou incorridos, correspondentes a essas receitas e rendimentos.
As receitas e as despesas devem ser incluídas na apuração do resultado do período em que ocorrerem, sempre simultaneamente quando se correlacionarem, independentemente de recebimento ou pagamento.
O reconhecimento simultâneo das receitas e despesas, quando correlatas, é conseqüência natural do respeito ao período em que ocorrer sua geração.
Por exemplo, quando contabilizamos a receita da venda de um produto X, no mesmo período deverão ser registrados o custo do produto vendido (CMV), ou seja, matéria prima, as despesas operacionais incorridas, comissão dos vendedores e inclusive a garantia do produdo deverá ser apropriada por estimativa.
Apresentação do DRE
O objetivo do DRE é apresentar de forma vertical resumida o resultado apurado em relação ao conjunto de operações realizadas num determinado período, normalmente, de doze meses. Mas, vale resaltar, que um empresário cuidadoso deverá analisar mensalmente o DRE ou mesmo um relatório gerencial com mesma estrutura e mais riqueza de detalhes, os resultados da empresa e tomar ações se necessário. Afinal sua empresa vale aquilo que ela gera de lucros.
A Lei das Sociedades por Ações, art. 187, disciplina a apresentação do DRE, onde deve-se iniciar com valor total da receita bruta, subtrair as deduções de venda, os abatimentos e os impostos, apurando-se a receita líquida das vendas e servicos.
Nota: Já nas normas internacionais (CPC30), determima que se comece pelas receitas líquidas.
Da receita líquida deduz-se o custo total e chega-se a margem bruta (ou lucro bruto). Após apresentar as despesas operacionais, podemos obter o lucro operacional.
Após isto, apresentam-se as outras receitas e despesas, apurando-se então o resultado antes dos tributos.
Para se chegar finalmente ao Lucro Líquido do Exercício, deduz-se o IR, CSLL e participações de terceiros.
Abaixo exemplificamos uma estrutura de um DRE padrão.
RECEITA BRUTA
Vendas de Produtos, Mercadorias e/ou Serviços
(-) DEDUÇÕES DA RECEITA BRUTA
Devoluções de Vendas, Abatimentos, Impostos e Contribuições sobre Vendas
= RECEITA LÍQUIDA
(-) CUSTOS TOTAL DAS VENDAS
Custo dos Produtos Vendidos, Mercadorias ou dos Serviços Prestados
= LUCRO BRUTO
(-) DESPESAS OPERACIONAIS
Despesas Com Vendas, Administrativas, etc
= LUCRO OPERACIONAL
(-) DESPESAS FINANCEIRAS LÍQUIDAS
Despesas Financeiras
(-) Receitas Financeiras
Variações Monetárias e Cambiais Passivas
(-) Variações Monetárias e Cambiais Ativas
OUTRAS RECEITAS E DESPESAS
Resultado da Equivalência Patrimonial
Venda de Bens e Direitos do Ativo Não Circulante
(-) Custo da Venda de Bens e Direitos do Ativo Não Circulante
= RESULTADO OPERACIONAL ANTES DO IR E CSLL
(-) Provisão para Imposto de Renda e Contribuição Social Sobre o Lucro
= LUCRO LÍQUIDO ANTES DAS PARTICIPAÇÕES
(-) Debêntures, Empregados, Participações de Administradores, Partes Beneficiárias, Fundos de Assistência e Previdência para Empregados
(=) RESULTADO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO
Para as PMEs (Pequenas e Médias Empresas), estes conceitos também são aplicáveis e podem ser consultados no Pronunciamento Técnico PME – Contabilidade para Pequenas e Médias Empresas.
Considerações finais
Num atual cenário competitivo, as organizações precisam ter respostas rápidas e eficazes, identificando necessidades e ter melhorias constantemente. Com isto um DRE é um importante instrumento para os empresários, inclusive os micro e pequenos.
Com base nos dados de um DRE a organização pode elaborar seu orçamento, planejar seu futuro, verificar se no período o negócio foi lucrativo ou gerou prejuízo, fazer ajustes quando necessário na operação do negócio, verificar se vai ter problema financeiro a curto e médio prazo e estar principalmente estar PREPARADO para uma possível negociação da sua empresa, seja total ou parcial ou para dissolução societária.
Autor: Franklin Tomich
Cargo: Sócio-Diretor da FT Aquisições
Graduado em Engenharia Elétrica pelo Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, MBA em Negócios Internacionais e Comércio Exterior pela FGV-SP, especialização em Mercado de Capitais e em Finanças pela IBS (FGV-MG), e MBA em Marketing Estratégico pela Universidade Fumec.
Membro da ISoBL (International Society of Business Leaders) e do BNI (Business Network International)